domingo, março 30, 2008

UM CIDADÃO ARAGUARINO

Caros Leitores.

Hoje, resolvemos prestar uma homenagem, a um cidadão que há 57 anos, vem colaborando com a juventude menos favorecida de Araguari. Pelo mesmo período, vem servindo aos araguarinos de uma forma humilde, porém de grande valia para aqueles que o procuram. Um cidadão que sem qualquer sombra de dúvidas, proporciona satisfação nos bons serviços prestados à comunidade.

Estamos nos referindo ao que no Ponto de Vista de hoje, empresta seu nome como título. Rendemo-lhes nossas homenagens, pelo simples e humilde homem que é. Pelos relevantes serviços prestados à juventude, encaminhando-os na vida, assim como aos cidadãos servidos por ele e seus funcionários.
Argentino Augusto de Oliveira.
Como ? Vocês não sabem de quem se trata, caros Leitores ?
Simples. Vamos identificá-lo melhor, para que possam conosco, acompanhar sua longa e produtiva jornada de trabalho.
Ele, o homem do qual nos referimos, trata-se do:
“NENZINHO ENGRAXATE”

Identificaram-no ? Já sabem quem vem a ser o Argentino ?

Então falemos um pouco a respeito do mesmo:
“Nenzinho”, nasceu em 22 de fevereiro de 1933, aqui mesmo, em Araguari. Estará completando 71 anos de idade, sendo destes, 57 anos dedicados à arte de engraxar sapatos. “Nenzinho Engraxate”.

Iniciou sua carreira, com 12 anos de idade, com uma caixa de engraxate nas costas, circulando pelas ruas da cidade perguntando ao transeuntes: vai graxa, meu amigo ?
Com 14 anos, em 1947, passou a trabalhar na Engraxataria Central, que ficava ali, na rua Dr. Afrânio, 161, entre a Casa dos Ferros e o Armazém Central, do Vicente França e de Olympio Ferreira da Silva.

Em setembro de 48, após trabalhar como empregado por um ano, adquiriu de José Luiz Torres, a engraxataria, que contava com 4 poltronas estofadas em veludo vermelho. Conforme ele, pagou pela mesma, 250 mil réis em suaves prestações mensais. Com ela quitada, aumentou o número de poltronas, passando para 8, novinhas e reluzentes.

Ainda criança que éramos, lembramo-nos dele e da garotada que com ele trabalhava, a partir de 1950, pois a engraxataria era defronte a Cia. Prada, local de trabalho de nosso pai e onde ficávamos quando livres da escola. Achávamos o máximo ele e os meninos no exercício da arte de engraxar. Sapatos luzidios e reluzentes. Charme de sempre. Inclusive existe o ditado: "conhecemos um homem pelos sapatos que usa". E Nenzinho com sua turma, fazia o serviço com esmero.

Na Dr. Afrânio, Nenzinho permaneceu até 1965, quando por motivo de ampliação do prédio, teve que mudar-se para a Praça Manoel Bonito, nº 92, onde era a agência da VASP, posteriormente funcionou uma loteria esportiva montada pelo senhor José Soares, dentista, tendo sido também de Terezinha Campos. Lá, permaneceu por um ano, tendo mudado para o lado oposto da Praça, nº 99, onde ficou de 1966 a 2001.

Em 2001, também por motivo de modificações no prédio, mudou-se para a rua João Peixoto, nº 105, defronte ao Clube Recreativo Araguarino, onde se encontra até o momento, com seu trabalho humilde, honesto e digno, completando seus 57 anos de atividades, com a “Engraxataria Elite Lustro”.

Calcula “Nenzinho”, que no decorrer destes longos e produtivos anos, centenas e centenas de garotos, jovens em busca do trabalho, passaram pelas suas mãos.

Com ele aprenderam o ofício, satisfazendo os fregueses, tanto com o respeito dedicado a cada um, como com a presteza dos mesmos.

Emocionado, “Nenzinho” se lembra de uma turma de engraxates que com ele permaneceu por longos anos. Muitos nós conhecemos e temos gratas recordações.

Com lágrimas nos olhos, o Argentino, ou melhor, “Nenzinho”, cita os nomes de Zé Petisqueira, Pica-pau, ambos de saudosa memória, do Major (irmãos Edson e Hélio). O Major ainda possui uma cadeira de engraxate remanescente no local da Dr. Afrânio, junto ao salão de barbeiro do Celinho.

Lembrou-se também do José Simão, hoje Mestre de Obras e Construtor lá em Goiânia. Do Arnaldo de Oliveira, proprietário da Editora Del-Rey, em Belo Horizonte. Do Dr. Delfino da Costa, médico e Diretor de um hospital também em Goiânia. Dr. Delfino era irmão do saudoso Eurípedes do Preventório, motorista e auxiliar administrativo no tempo da senhora Olga Daher.
Lembrou-se também do Abadio e do Jair, ambos hoje profissionais da mecânica pesada.

Enfim, desabava “Nenzinho”, todos os garotos e rapazes que passaram pelas minhas mãos, se tornaram alguém nesta vida. Não me recordo de nenhum que se enveredou pelo mau caminho. Procuro sempre continuar com o mesmo sistema com os que trabalham comigo atualmente. Sinto muito orgulho disto, disse com os olhos merejados de lágrimas. Lágrimas de emoção. Emoção de uma longa jornada, de uma missão cumprida.

Em 2000, foi agraciado com o Diploma de Honra ao Mérito, em festividades da qual a Prefeitura participou. Ostenta no recinto da engraxataria o mesmo com muito orgulho.

Muito zeloso e caprichoso com tudo que possui, “Nenzinho” adquiriu da família do saudoso Sílvio Rosa, ex-gerente da Caixa Econômica Federal, a “Opala 1972”. Aos domingos pode ser visto passeando pelas ruas da cidade no belo carro, desfrutando de mais uma semana de trabalho.
Em 1958, casou-se com Neuza Resende, a dona Neuza, quitandeira famosa, por longos anos na Praça Manoel Bonito, nº 95, “Lanches Elite”, 18 anos. Hoje na Cel. Theodolino Pereira de Araújo, 1258, prédio próprio, fruto de anos de labor na arte de quitandas e salgados.
Pai de 4 filhos, Airton, Marineuza, Marilúcia, Almir. Avô de 3 netos, Ana Carolina, Augusto e Samuel.

“Nenzinho”, vive feliz em seu trabalho. Com a escova na mão, rodeado pelos funcionários, dedicados engraxates, amigos e fregueses.

Orgulha-se e com razão de sua profissão.
Vejam o que diz o site Terra Brasileira sobre esse ofício:
A tradição oral napolitana remete ao ano de 1806 o nascimento do ofício de engraxate, quando um operário poliu em sinal de respeito às botas de um general francês e foi recompensado com uma moeda de ouro por isto. O engraxate itinerante tinha uma caixa ao ombro contendo verniz, escovas e espanadores; na cobertura da caixa tinha uma armação de madeira para apoio dos pés alternadamente. Os engraxates, em local fixo, tinham poltronas enormes, quase dos tronos, com cromado dourado e tapeçarias de veludo vermelho. Os engraxates trabalhavam das oito da manhã as oito da noite, com uma breve pausa, ao meio-dia, para o almoço. Eles ficavam, principalmente, nas esquinas dos cafés; nos lugares mais movimentados. Durante a Segunda Guerra Mundial, no período da ocupação anglo-americana, apareceram os “sciusciàs”, garotos que para ganhar qualquer coisa lustravam as botas dos militares, além de terem cópias de jornais, goma de mascar e doces. As condições de vida e a luta diária para a sobrevivência destes jovens são descritas magistralmente por Vittorio De Sica em “Sciuscià” (filme de 1946). Ao término da guerra desapareceram o sciusciàs e também os engraxates de Nápoles, no início dos anos cinqüenta eles eram apenas mil. Hoje em dia, caminhando pelas ruas napolitanas, ocasionalmente, pode-se encontrar algum.

Exemplo de vida.
Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.
Fotos: Arquivo pessoal / ilustrações

sábado, março 22, 2008

Uma Viagem em 1955

Caros Leitores.
Claudionor Sanches, irmão do saudoso Douglas Sanches, fundador da Orteco, nosso particular amigo e seu atual dirigente chegou até nós com uma fotografia tirada de onde hoje é o banco Mercantil, focalizando o quarteirão da Ruy Barbosa e os majestosos prédios do antigo Clube Recreativo Araguarino, Pálace Hotel, Cine Rex e do sobrado da Dr. Afrânio, conhecido como Casa Verde.
Perguntou-nos então: e aí Peron, o que você nos fala a respeito desta foto? Conhece alguma coisa? Lembra-se de algo?

Olhando a mesma de relance, identificamos até o ano em que foi tirada, 1955. Foi em uma tarde, durante o expediente, considerando as lojas estarem abertas e a sombra dos prédios atingirem o meio da rua. No período da manhã o sol bate de frente com o lado da Louçadada, do Bradesco e da rua toda. Estávamos com 13 anos.

Então Claudionor nos perguntou: por que 1955 ?

Simples, claro e evidente, foi nossa resposta. Veja este belo carro logo a frente da agência Dodge do saudoso Theodoreto Veloso de Carvalho (no local onde hoje é o Bradesco). Veja a elegância do mesmo em trânsito pela rua de mão dupla que era a Ruy Barbosa. Trata-se do Ford Farlaine, ano 1955, recém chegado a Araguari, de propriedade do agente da Ford, saudoso José Pereira França. Ainda afirmamos, quem o está dirigindo é o Francinha, filho do mesmo.

Do lado de baixo, defronte ao hoje Banco Mercantil, local de onde foi tirada, vemos a Camisaria Wilson, do saudoso Wilson Sopranzetti. Hoje no local está “A Principal”. Ao seu lado, a Livraria do Bolinha, irmão do Wilson, também de grata memória, Walter Sopranzetti.

Tinha um beco coberto, onde funcionava o Mário Relojoeiro e uma Ourivesaria com gravações em canetas, jóias e outros objetos. Posterior foi o Abner Relojoeiro, sendo que atualmente é a New-Man. Logo ao lado, encontramos “A Baiana”, do senhor João e seus irmãos, Otacílio, Demerval, Adalcindo, onde tecidos e roupas em geral, ficando o mostruário em exposição na calçada. No local encontramos hoje a moderníssima “Louçadada”, do nosso amigo Djalma e família.

Logo adiante as modernas instalações da “Dodge”, posterior “Arauto”, onde se vendia Renault e Ford-Willys Overland. No local, com a mesma fachada, a agência do “Bradesco”. Onde hoje é a Movelar, funcionava “Lojas Riachuelo”, famosa por longos anos, fonte de empregos à juventude local.

Sobre ela o apartamento onde residia o senhor João Arantes, contador da Charqueada, irmão do saudoso “Francisco Arantes”, que era contador da Cia. Telefônica Araguarina. No pequeno espaço antes do prédio onde funciona atualmente as Lojas Cruz, ficava o Jetásio de Castro, grande mestre ouríveres. Hoje Gaby Modas.

Aí, continuamos nós, chegamos ao prédio da esquina, que inicialmente foi o Banco de Crédito Real, que posteriormente se mudou para o local de onde tiraram a fotografia, a loja do Sadala Calil Daher, chamada “A Incendiária”, em seu magnífico prédio de apartamentos.

Hoje o Banco Mercantil do Brasil. No local de origem do Crédito Real, funcionou também o Banco do Comércio e Indústria de São Paulo. Na sua parte superior, tinha o consultório do Dr. Clóvis Fernandes de Melo, dentista, o escritório do Dr. Eduardo Brasileiro, advogado, e a residência do gerente do banco, senhor Custódio Pereira, mais conhecido por Custodinho, dado sua popularidade adquirida.

Pelo lado direito, indo para a Manoel Bonito, tinha a Incendiária, já citada, o escritório e a residência do Dr. Olavo Santos, grande advogado de saudosa memória. Logo em seguida, a Relojoaria Londres, do Oliveiros Rodrigues, que tinha na gerência o Oswando dos Santos Monteiro.

O Bar Jockey e a Barbearia Jockey, do Jairo, Jonas, Sebastião, Jair, Eduardo. Mais tarde veio a ser casa de móveis do Bataglione. Finalmente, na esquina, o belo prédio do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, hoje demolido, estando em seu lugar o Banco Itaú. Era uma grande agência.

Na parte superior, pela praça, a residência do gerente, o “Zé Chico”, pela Ruy Barbosa, acesso ao escritório de advocacia do Dr. Calil Canut. Belos e saudosos tempos.

Chegamos na Praça Manoel Bonito.

Na esquina o famoso Bar OK do Emílio Pelegrine. Em seguida, a Casa Glória, do Durval e Moisés. As escadarias do clube e do Corujão, depois a loja Exposição, também da dupla citada. Vinha então o Bar Capri, do Omar Mujalli. Ao lado, “Orsi” Não faz propaganda. Joalheria, artigos de luxo para presentes, discos. A Goiâna onde permaneceu até pouco tempo atrás.

O Pálace Hotel, do senhor Stevan Suzelbeck, a Alfaiataria Ribeiro, o Alfaiate dos Elegantes, com o Hudson Gomes na chefia. Onde hoje funcionam várias lojas, era um só espaço, funcionava o “Minas Bar”do Tuim, pai do Luiz do Kabanas do Bosque e finalmente o maravilhoso e imponente prédio do “Cine Rex”. Dá-se para identificar o prédio da Dr. Afrânio, na época conhecido como “Casa Verde”.


O Jeep defronte a “Londres”, era do Sebastião Peixoto, está com a propaganda da firma que ele trabalhava, “Vacinas Hertape”, a charrete estacionada era do Zé Frezza, que conforme o Djalma da Louçadada, tinha o slogan, “Velocidade e macieza, só na charrete do Zé Frezza”, mais um jeep (muito usados na época por falta de estradas), uma camioneta que infelizmente não conseguimos identificar. Sem contar os transeuntes e ciclistas.

Chegamos ao final. Esperamos que vocês também tenham gostado de nossa viagem em 1955.

Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.

Fotos: Arquivo pessoal


sábado, março 15, 2008

Remexendo o Baú - A Festa

Caros Leitores.

Continuando a história do Ponto de Vista intitulado “Remexendo o baú”, onde revivemos em detalhes, um evento esportivo do qual fizemos parte, com a finalidade de angariarmos “fundos” para a realização da “festa” de nossa formatura em “Técnicos em Contabilidade”, acontecida em 10 de dezembro de 1965.

Em 14 de novembro de 1965, realizamos o embate futebolístico, narrado e ilustrado com fotografia.

Após 26 dias do evento, realizamos com os “fundos financeiros” arrecadados, a belíssima e inesquecível “festa” de formatura, em dois atos, sendo a entrega de diplomas, em sessão solene, no belo e saudoso Cine Teatro Rex, em seu amplo palco que recebeu a mesa de autoridades, e nós, os formandos, juntamente com nossos familiares e convidados, nos amplos auditórios com mais de mil poltronas.

Lembram-se como era grande, moderno e confortável o nosso cinema que há tantos e por tantos anos ofereceu noitadas magníficas?


No segundo ato, o “pomposo” baile de formatura, realizado nos amplos salões do Clube Recreativo Araguarino, ao som de “Nocera e sua banda”. Todos acompanhados das namoradas madrinhas, dos pais, dançaram a valsa de formatura.


Acontecimento marcante e inesquecível.

Hoje não vemos estas festas. Somente em cursos superiores. É uma pena. Devemos comemorar cada vitória.

Mas voltemos à formatura.

Antes de recebermos nossos diplomas de Contabilidade, pela saudosa e memorável “Escola Técnica de Comércio Machado de Assis e Ginásio Dom Vital”, promovemos uma reunião festiva, regado por um lauto e suculento jantar, na casa da “Dona Olívia”, doceira e festeira na época em Araguari. Sua casa, local de eventos, era muitíssima requisitada pela sociedade araguarina para realização de jantares, almoços e recepções festivas, tanto pelo espaço oferecido, como também pela localização e principalmente pelas “iguarias” incomparáveis preparadas pela Dona Olívia e sua família.

Onde ficava tão famoso local de festas?

Ora, para os que viveram a época todos sabem. Para os que vieram posteriormente, logo ali, na Praça Getúlio Vargas, no “Jardim dos Lemos”, onde se encontra o belo prédio de apartamentos denominado a princípio como Penhasco das Gaivotas, atualmente, Edifício Jofre Alamy.

A família da Dona Olívia, mudou-se para Goiânia, onde no ramo, ampliou suas atividades e encaminhou a vida de todos. Deixou muitas amizades e grandes lembranças em nossa terra.

Desta feita, caros Leitores, remexendo em nosso velho baú, encontramos a fotografia marcante do jantar, que em pose especial para a posteridade, os presentes se registraram na história.

Com carinho e emocionados, publicamos a mesma, para que vocês, conosco, revivam a época, 1965, quase 40 anos passados, uma vida, onde muitos já se foram, deixando gratas recordações, outros aí estão, desfrutando de uma longa jornada, e também, principalmente, para que a juventude de hoje, sinta como vivíamos com alegria e diversões várias, comemorando acontecimentos importantes.



Podemos ver da esquerda para a direita, em pé, os formandos Avelino Dias Miranda, comerciante, contador em atividades no comércio. Élson Nunes, saudosa memória, era sócio das Indústrias de Refrigerantes Apolo. Napier Mota, comerciante, trabalhando com distribuição de bebidas. José Antônio, (Zé Fazendeiro), aposentou-se na Telemig, desfruta de sua longa jornada de trabalho. Aparecemos em seguida. Com as bênçãos do Criador, desfrutando da amizade e do carinho do povo araguarino, juntamente com nossa esposa, filhos, noras e neta. Ao nosso lado, Jair Peixoto da Cunha, bancário aposentado, tendo dedicado sua vida ao Banco Nacional depois Unibanco. Bartolomeu Alves Pereira, advogado em Brasília, assessor de Desembargador, sendo também Pastor da Comunidade Sol da Terra. Por último, Edwirges José de Araújo, também advogado, residente e militante em Brasília.

No segundo plano também em pé, na foto, vemos na mesma ordem, Willian Dickson dos Santos Braga, professor universitário da UNIPAC. Arlindo de Souza Pereira, contador e empresário em Patos de Minas. Rosalvo Nogueira de Lima, aposentado, ex-presidente do ISS – SERVE, em São Paulo. Renan de Lúcia, empresário aposentado. João Mateus Filho, contador, aposentado e em atividades no comércio local. Raimundo Aires de Menezes, professor de Latim da Universidade Federal de Uberlândia. Hamilton Flávio de Lima, assessor contábil e jurídico da Câmara Municipal de Araguari. Gilton dos Santos Anjo, professor de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia. Romildo de Fátima Souto, contador e fazendeiro de saudosa memória. Naildo Alves, foi alto funcionário do Banco Central em Brasília, saudosa memória. Estes foram os formandos de 1965. Alguns não marcaram presença no jantar, porém participaram das demais festividades.

Sentados, os dirigentes, professores e convidados especiais conforme segue: senhora Dalva Santos Braga, ao lado do marido Idalírio Braga, que foram padrinhos da turma. Ambos falecidos. Eram os pais do Willian Braga. Guaracy Faleiros Machado, ao lado de sua esposa, Sônia Alessi Machado. Paraninfos da Turma. Professora Maria de Lourdes Lisboa Alves de Castro, proprietária e Diretora da saudosa e inesquecível “Escola Técnica de Comércio Machado de Assis e Ginásio Dom Vital” por onde ilustres mestres e a juventude araguarina passaram. Logo após, professora Joana Soares Azevedo, seguida pelo professor Luiz Azevedo, saudosa memória. Foram os Patronos da Turma. Representando o Corpo Docente da Escola, o então professor, Ronan Jacó. Desembargador aposentado em Brasília.

Esta foto, caros Leitores, registrou um acontecimento deveras marcante e significativo em nossas vidas.

Confessamos, ao redigirmos este Ponto de Vista, lágrimas rolaram em nossas faces, tanto de saudades, como de alegrias. Trouxemos à tona, uma época muitíssima importante de nossas vidas. Estávamos encerrando uma fase e iniciando outra. Do amadorismo ao profissionalismo. Da diversão de uma juventude para seriedade da constituição de uma família. Uma época deveras emocionante.


Esperamos que tenham gostado do que narramos.
Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.

Fotos: Arquivo pessoal

domingo, março 09, 2008

Remexendo o Baú

Caros Leitores.
Com o entendimento de que história se conta e reconta, segue uma escrita em 2004.

Dias atrás, necessitando encontrar um documento para dar seqüência no processo de dupla cidadania que possuímos, junto ao Consulado da Itália em Belo Horizonte, encontramos fotos que nos levaram a tempos passados, mais precisamente em 1965, ano em que nos formamos em Contabilidade, curso realizado na saudosa Escola Técnica de Comércio Machado de Assis.

Mas vamos lá. Como dissemos, encontramos dentre várias, uma fotografia de um time de futebol que deixou sua marca nos gramados do antigo Estádio Vasconcelos Montes.

Foi em uma bela manhã de domingo, 14 de novembro de 1965.

Era o time de futebol do 3º Ano de Contabilidade da Escola de Comércio, que dando andamento na programação para angariar fundos para as festividades de formatura da turma que seria em dezembro, programou e realizou uma partida de futebol histórica para os anais da Escola. Atualmente só possui o nome na lembrança daqueles que viveram a época e que assistiram o encerramento de suas atividades com o nome original. Outra denominação social rege seus destinos. São conseqüências normais do passar dos tempos, das mudanças no ensino, na modernização da sistemática, na tecnologia.

Voltemos ao evento. Necessitávamos dinheiro para as festividades de formatura que havíamos programado, dizendo-se de passagem, de grande pompa e galhardia. Também ficou nos anais da Escola.

Nós, a turma de formandos, promovemos até uma gincana para a venda de ingressos para tal acontecimento. Conseguimos levantar uma significativa quantia em dinheiro pois a quantidade de assistentes foi grande e alegre. Não só familiares dos formandos. Não só demais alunos e seus familiares. A população araguarina ficou ávida para o jogo, porque “barulho” nós fizemos e bastante. Alardeamos nos quatro cantos da cidade o “grande embate futebolístico”. Carros volantes circulavam pela cidade, pelos bairros. Propaganda em jornais e panfletos. Visitas nossas nas demais escolas, enfim, queríamos uma festa de arromba. E ela veio. Aconteceu como havíamos previsto.

Conseguimos levar ao “Vasconcelos Montes”, naquela bela manhã de domingo, aproximadamente duas mil pessoas. Pessoas que nos deram apoio e incentivo, pessoas que queriam ver um grande espetáculo, conforme tanto alardeamos.

Domingo, Nove horas. Estádio lotado. Lá estávamos nós, ostentando a camisa do “Grêmio Esporte Clube”, branca com listras vermelhas, calções cinza, meias como as camisas. Representávamos os formandos em Contabilidade com o uniforme do “Grêmio Acadêmico da Escola de Comércio”.

Nosso adversário, nada mais, nada menos, era a seleção dos alunos que compunham o 1º e 2º ano de Contabilidade da nossa querida e saudosa Escola de Comércio, Escola de Comércio da Dona Maria de Lourdes Lisboa Alves de Castro. Saudosa e inesquecível educadora.

Mas remexendo o baú, nosso velho e inseparável baú, encontramos uma foto, uma foto fenomenal, tirada minutos antes do jogo. Publicamos a mesma. Tal publicação, é para vocês caros Leitores, para vocês sentirem, viverem, vibrarem com um passado lindo, puro, alegre, pomposo, de galhardia, que movimentou uma cidade para a alegria de todos. Trouxe para os araguarinos uma grande alegria, assim como realizou o sonho de uma turma composta de jovens idealistas. Turma que hoje apesar de terem cumprido suas jornadas trabalhistas, continuam atuando em nossa sociedade, fazendo girar esta imensa engrenagem que movimenta nossa querida Araguari.

Na foto que ilustra nosso “Ponto de Vista” de hoje, vocês poderão voltar ao passado. Quem viveu a época se sentirá como se nela estivesse. Quem conhece alguém da turma ficará feliz e vê-lo. Talvez até tenha sido seu aluno, trabalhado com ele, ou seja amigo de alguém da família. Vejamos o que sentirão.

Em pé, da esquerda para a direita, vemos Gilton dos Santos Anjo, filho do seu Gabriel dos Santos Anjo, o único que vendia “fiado” em Araguari. Lembram-se: “Fiado, só no Gabriel Santos Anjo”. Gilton hoje é aposentado como professor de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia. Em seguida, vemos Avelino Dias de Miranda, desde a formatura se dedicou ao comércio. Gomo goleiro atuou o José Antônio, mais conhecido como “Zé Fazendeiro”, aposentou-se na Telemig. A seu lado, João Mateus Filho, conhecidíssimo por todos, foi contador da Tipografia São José, e hoje atua como contador da Sapatos e New-Man. Jair Peixoto da Cunha vem a seguir, uma vida dedicada ao Banco Nacional, tendo se aposentado no Unibanco. Helói Romildo Carneiro vem ao lado. Hoje no Rio de Janeiro. Aparecemos como técnico do time.

Sinceramente, sem nossa presença teríamos perdido a partida. Agachados vemos: Raimundo Aires de Menezes, também professor na Universidade Federal de Uberlândia, Latim. Hamilton Flávio de Lima, atuando hoje como Assessor Jurídico da Câmara Municipal de Araguari. Napier Mota, em atividades no comércio local. Ele, com toda sua “pose” de grande atleta (realmente o foi), William Dickson dos Santos Braga, professor de História nas escolas de 2º grau, assim como também professor da FAFI hoje UNIPAC, sendo coordenador de cursos. Finalmente, o Aurélio do Carmo Filho, fiscal aposentado do Estado de Minas.

Uma grande equipe. Com a boa orientação obtida, além de proporcionar um belo espetáculo, venceu a seleção das demais turmas pela contagem de 6 a 2.

Os caros Leitores poderão ver ao fundo, a grande torcida que prestigiou tão relevante evento, evento este que proporcionou uma grande festa de formatura. Em breve, iremos contar mais a respeito da mesma, com ilustração fotográfica, para que possam sentir conosco, as emoções vividas há 40 anos atrás.

Assim caros Leitores, tivemos a oportunidade de vivermos com vocês, mais uma página de nossa vida, que julgamos ter sido sadia e proveitosa. Sempre que nos lembramos dizemos: “Éramos felizes e “o” sabíamos.

Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.
Foto: Arquivo pessoal

sábado, março 01, 2008

Sirene da Goiás

Caros Leitores.

Tivemos a grata satisfação de receber do Patrimônio Histórico de Araguari, através da Fundação Araguarina de Educação e Cultura, nas pessoas de Alexandre Campos, Juscélia Abadia Peixoto e Aparecida da Glória Campos Vieira, uma bela e saudosa mensagem transmitindo o som da Sirene da Goiás.

Tempos idos, décadas de 50, 60 e 70, a famosa Estrada de Ferro Goiás estava em pleno vapor. Total de 2.000 funcionários em atividades.

Clique aqui:

Você verá o prédio da Locomoção com a sirene colocada no alto de sua cobertura, tocando, lembrando os velhos tempos vividos com emoção e trabalho.

Mas vamos lá, vamos relembrar um pouco de tanto coisa boa que a Estrada de Ferro Goiás proporcionou à nossa terra.

Esta sirene, tocava às 06,40 horas da manhã para alertar, acordar os funcionários que estava na hora de levantar e preparar-se para as atividades do dia. Era a hora dos ônibus percorrerem os trajetos recolhendo os funcionários. Era um Ford verde, 1946, carroceria longa, e um azul, sem frente, fabricado nas próprias oficinas da Goiás.

Às 07:00 horas todos já estavam em seus locais de trabalho dando início a mais um dia de jornada.

Às 11:00 horas a sirene entrava em ação, avisando os funcionários de todos os setores que era a hora do almoço. Intervalo sagrado para alimentação daqueles dedicados funcionários.

Às 12:30 horas, lá vinha ela, a sirene, tocando alto, avisando que o intervalo do almoço havia terminado. Retorno às atividades.

Finalmente às 17:00 horas, a sirene dava seu toque final do dia, encerrando as atividades dos 2.000 funcionários da Goiás. Hora do retorno para casa. Lá estavam os ônibus prontos a recolher o pessoal e deixa-los nos pontos estratégicos para retorno às suas residências.

Vamos aqui lembrar de funcionários dedicados que deram suas vidas em prol das atividades na Goiás. Citaremos alguns, e esperamos os contatos de outros para que possamos enumerá-los e homenageá-los também. Este Ponto de Vista é uma homenagem aos homens que com orgulho se apresentam como FERROVIÁRIOS aposentados. E eles muito fizeram, como dissemos acima.

Então vamos lá: na Seção de Pessoal, tínhamos a Heleninha Bitencourt; na Escola Técnica de Educação Familiar, ETEF, tínhamos a Gersa Alves do Nascimento; como Chapeiro, (controlador de freqüência) o senhor Max Machado de Resende; na tipografia o hoje professor da UNIPAC, Willian Dickson dos Santos Braga; no almoxarifado, o Fauto Tomas, seu pai, Adalberto Tomas, o Celestino Fracon; como professor da Escola Profissional Ferroviária de Araguari, o nosso coordenador de lembranças da Goiás, Arcênio Paranhos Lopes; o senhor Oto Tormim na Seção de Eletricidade, assim como seu filho, Augusto Tormim; como Chefe das Oficinas tínhamos o senhor Alaor Pugga; nos escritórios o Antônio Carlos de Matos, o Biscoito; Idalírio Braga como chefia e coordenador; Godofredo Tilmann na Seção de Eletricidade; Professor João Coimbra, um exemplo de sabedoria e dignidade. Tantos outros que marcaram época, marcaram suas vidas, deixando um marco indelével na história de nossa Araguari.

Nas oficinas da Locomoção, eram reformados os vagões de passageiros, os carros refeitórios, os carros dormitórios, as locomotivas, assim como eram construídos os mesmos, inclusive as Auto-Motrizes, que eram composições para 5 ou mais passageiros, com motor de camionetas, que faziam viagens com o pessoal, como também eram enviadas para outros locais onde a Goiás atuava.

A Goiás, era tão dinâmica, que construiu uma vila, hoje o Bairro Goiás para residência de seus funcionários. Nela encontramos ruas que homenageiam as profissões de cada um, como Rua dos Portadores, eram os que revisavam as composições férreas quando chegavam de uma viagem, preparando-as para seguirem novos trajetos. Rua dos Foguistas, eram os que colocavam lenha, depois, carvão e posteriormente óleo bruto, o BPF, nas caldeiras das locomotivas a vapor. Rua dos Tatus, homenageando os operários que trabalhavam na conservação dos trilhos das linhas férreas. Hoje o Bairro Goiás, é um dos mais desenvolvidos e populosos da cidade. Nele a maior parte dos residentes, são ferroviários aposentados e que ainda trabalham na atual ferrovia, substituindo a Estrada de Ferro Goiás.

Para o conhecimento de vocês, caros Leitores, a Estrada de Ferro Goiás, foi a pioneira, sendo que a Viação Férrea Centro Oeste veio substituí-la. A Rede Mineira de Viação foi a seqüência das alterações. Aí veio a Rede Ferroviária Federal S/A, desmembrada que foi no Governo de Fernando Henrique Cardoso, em Ferrovia Centro Atlântica e Vale do Rio Doce, beneficiando Araxá e Catalão produtoras do Minério de Ferro, permanecendo hoje com este nome.

Mas, voltando à sirene, era bonito, era emocionante, era vibrante o som da sirene alertando, chamando e dispensando os funcionários da Estrada de Ferro Goiás para os trabalhos cotidianos.

Tempos idos, tempos vividos, 2.000 mil funcionários. Se fizermos uma média de cinco pessoas para cada família de funcionários, dela sobreviveram para mais de 10.000 pessoas. Famílias ilustres, famílias famosas, famílias tradicionais, famílias humildes que fizeram o progresso de nossa terra.

Fica assim nossa homenagem através deste Ponto de Vista aos funcionários da Estrada de Ferro Goiás. Os FERROVIÁRIOS, que orgulhosamente, e, com razão, ostentam tal título.

Agradecemos à Fundação Araguarina de Educação e Cultura, Divisão de Patrimônio Histórico de Araguari, pelo envio do toque da Sirene, o que nos proporcionou reviver um pouco o passado. Fomos informados por eles, que em breve, estarão colocando no ar também o som das composições férreas. Ótima iniciativa dos responsáveis.

Mais Informações da Estrada de Ferro Goiás, podem ser obtidas no site da Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás, através de texto do sr. Paulo Borges Campos Jr.
http://www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/conj/conj2/03.htm


" A chegada das ferrovias no Triângulo Mineiro.

No final do século XIX, em 1896, o Triângulo Mineiro recebeu os trilhos da Estrada de Ferro Mogiana, ficando acertado que a cidade de Araguari seria a sede do que anos depois viria a ser a “Goiás”, facilitando-se a integração econômica entre São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Gomide (1986) ao discutir a origem dessa estrada, escreveu que a Cia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação foi um dos componentes da malha ferroviária estendida na região do Triângulo Mineiro, ainda nos últimos anos do século passado (1896). Dentro de um outro processo e após divergências políticas, foi determinado pelo Decreto nº 5.394, de 18 de outubro de 1904, que o ponto inicial, daquela que viria a ser então a Estrada de Ferro Goiás, seria na cidade de Araguari e o seu terminal na capital de Goiás.Os trilhos no cerrado goiano Para Goiás, a presença da estrada em seu solo é também o resultado de um grande esforço feito por alguns representantes da classe política e intelectual da região. Muito embora se reconheça que a ferrovia corta o cerrado goiano em função dos interesses do sistema capitalista de produção, ou seja, ela nasce de fora para dentro do Estado. Nesse sentido, a Informação Goyana (1932), ao discutir o apoio da classe política goiana à estrada, afirmou que o primeiro de todos a apoiá-la foi Henrique Silva, o segundo, o Marechal Urbano Coelho de Gouvea e o terceiro, Leopoldo de Bulhões.
Borges (1990), comenta que a criação da Companhia Estrada de Ferro Goiás, em 3 de março de 1906, tinha caráter privado e era apoiada pelo governo federal, pelo decreto nº 5.949 do então presidente Rodrigues Alves. A estrada de ferro surgiu como uma alternativa para romper o estrangulamento da economia goiana, quanto à sua demanda por um meio de transporte que viesse atender às necessidades de escoamento de sua produção. Em 28 de março de 1906, a estrada recebeu esse nome através do decreto federal nº 5.949, pois até então ela se denominava Estrada de Ferro Alto Tocantins, autorizada para construir e explorar o trecho de Catalão a Palmas, objetivando ligar então a capital de Goiás a Cuiabá, e estas à rede ferroviária do país.Os trabalhos de construção da Estrada de Ferro Goiás, em solo goiano, tiveram início em 27 de maio de 1911, dois anos após o começo da implantação do trecho localizado na cidade de Araguari, no marco zero da ferrovia. Já em 1912, as obras avançaram 80 quilômetros, chegando, dessa cidade mineira, muito próxima à cidade goiana de Goiandira, segundo Araújo (1974).Em função de problemas de caráter financeiro e administrativo, em 1920 a Companhia Estrada de Ferro Goiás, por meio do decreto nº 13.936 de janeiro daquele ano, obteve concessão para explorar os serviços ferroviários no Triângulo Mineiro e em Goiás, passando sua administração à União a qual levou adiante todas as suas obras de construção. Assim, a linha Araguari-Roncador com 234 quilômetros de extensão formou a nova Estrada de Ferro Goiás.Até o ano de 1952, a “Goiás”, percorria com os seus trilhos, aproximadamente, 480 quilômetros, chegando ao seu ponto mais distante em Goiânia. No total, 30 estações serviam à estrada, onde se destacavam as de: Araguari, Amanhece, Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com a Rede Mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Engenheiro Balduíno, Vianópolis, Leopoldo de Bulhões, Anápolis e Goiânia (IBGE, 1954). "

Era o que tínhamos.
Que Deus nos abençoe.
Um abraço.

Fontes de Informações e fotos:

Fundação Araguarina de Educação e Cultura

Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás